A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados (CAPADR) ouviu, em audiência pública, nesta terça-feira (18/06), o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, para discutir a Medida Provisória que autoriza a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) a importar até 1 milhão de toneladas de arroz.
Na terça-feira passada, a pasta anunciou a saída de Neri Geller depois de informar que o leilão de arroz realizado pela Conab seria anulado em virtude da desconfiança sobre a capacidade de as empresas vencedoras entregarem o produto. O leilão arrematou 263.730 toneladas de quatro empresas por R$1,3 bilhão.
Contra a importação de arroz, o deputado Pezenti ressaltou que o leilão “tem cheiro de maracutaia” e disse que anular o processo não vai resolver o problema. Pezenti lamentou a falta de sensibilidade do governo e apoiou a instalação de uma CPI para investigar os fatos.
"A suposta especulação que o governo cita foi provocada pelo próprio governo, que fez um alarde sobre um possível desabastecimento. É necessário esclarecer todo esse processo e que o governo saia da inércia e invista para resolver os problemas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, afetados por enxurradas e enchentes. Recursos precisam ser direcionados imediatamente para reconstruir estradas e pontes, permitindo que o arroz produzido no sul do país chegue às grandes cidades e evite qualquer desabastecimento nacional”, destacou Pezenti.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR), destacou que a Conab, em nota técnica de 13 de junho, afirmou não haver risco de desabastecimento no país, uma vez que até o mês passado, já havia 10,4 milhões de toneladas da safra colhida. O deputado criticou a decisão do governo de usar a tragédia no Rio Grande do Sul como justificativa para a importação, afirmando que em março já havia interesse do governo em comprar arroz, mesmo antes da crise.
“É uma compra de arroz internacional que vai prejudicar o produtor gaúcho e será distribuída para todo o mercado nacional, não atendendo especificamente o povo do Rio Grande do Sul", argumentou Lupion.
O deputado também levantou questionamento sobre a legalidade e a necessidade do governo de utilizar esses recursos para realizar a importação. "O governo conseguiu colocar os R$ 7 bilhões fora do teto de gastos, sob o argumento de ser parte de assistência ao povo gaúcho, mas essa compra de arroz não é do produtor gaúcho e não é para o consumidor gaúcho”, afirmou.
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